04/01/2010

Slow Europe; Slow Food; Just Slow..

RETIREI ESTE TEXTO DE UM E-MAIL QUE RECEBI E NÃO TENHO REFERÊNCIAS DE QUEM O ESCREVEU

SLOW EUROPE

Moro na Europa e trabalha na Volvo.

"Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.
Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a
idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais,
nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos
por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso
senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.
Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E
trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no
final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da
tecnologia e da
necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:

1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com
Curitiba, que tem 2 milhões);
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux,
ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os
foguetes da NASA.


Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem
estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.
Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo,
que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar para vocês uma
breve só para dar noção.
A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava
no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na
Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são
2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no
segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa
manhã, perguntei:
"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos
cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final." Ele me
respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de
caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que
fique mais perto da porta. Você não acha?"
Olha a minha cara! Ainda bem que tive esta na primeira. Deu para rever
bastante os meus conceitos.
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food
International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na
Itália ( o site, é muito interessante. Veja-o! ). O que o movimento
Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber
devagar,saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio
com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele
representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.
A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de
base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a
revista Business Week numa edição européia.
A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura"
gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em
contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem
menos horas( 35 horas por semana ) são mais produtivos que seus
colegas americanos ou ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8
horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos
americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter
menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e
"produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos
"stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre,
do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em
contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada
dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do
cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da
fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais
"leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem
com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os
velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga
da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de
desenfreada loucura? Será que nossas empresas não deveriam também
pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar
a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a
necessária perda da "qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um
personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela
responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos."
- "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a
num passo de tango.
E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só
alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim.
Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se
esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.
Tempo todo mundo tem, por igual!
Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que
cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento,
porque, como
disse John Lennon: - "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos
planos para o futuro"...

Parabéns por ter lido até o final!
Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder"
o seu tempo neste mundo globalizado.
Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua
família.De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou
outras coisas...
Poderá ser tarde demais!
Saber aprender para sobreviver...

4 comentários:

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