13/05/2010

Meu prosônimo


Neste silêncio de tarde!
A cidade passeia na minha janela;
Avisto a praça. Dona Joana tricota
Sua neta brinca. Os moços namoram.
Todos. Nenhum há que me aviste
Coloco-me deste lado gradeado… inocência:
Acusam-me de pobre, desgracioso, e,
De outros vultos. Sou vitima;
— condenado para viver só…

Neste silêncio de tarde
Vou à janela, amoldo-me do ócio,
Das sombras que vagueiam sem suntuosidade.
Cá passa o universo, traz silêncio,

O bastante para calandrar o espaço do nada
E fazer-me imperativos de interpretações.
Que bom se não houvesse esta agoniação,
E que a taça de absinto fosse de vinho.

Contudo, tiro deste translúcido, abstinência,
Tiro dela os meus ideais… Conscientes,
Elevo-me inculpe pelo acervo encerrado,
No direito de dizer o meu nome… Penitenciário…

Pra quem me redirei neste silêncio de tarde?
Fui à janela e nela vi a moldura do dia sem alarde
Encerrava-se em sobras de nuvens que vagueavam no céu denso como se do universo procurasse pretenso.

Que não fosse aquele que calandrava o espaço do nada.
Fiquei ali como a interpretar a vida calada;
Tirei do branco imenso linhas de abstinência,
Eram iguais as dos meus ideais… sem consistência.

Autor: José Vitor Lemes

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